quarta-feira, 9 de junho de 2010
MAURO SOARES JURADOS 11 ANOS ROSÁRIO EM CENA - HISTÓRIA VIVA, NOSSO RESPEITO ETERNO
MAURO SOARES - REPRESENTANTE DO INSTITUTO ESTADUAL DE ARTES CÊNICAS - HOMENAGEADO NO ROSÁRI OEM CENA NO ANO DE 2008.
ROSÁRIO EM CENA uma trajetória de pioneirismo
Com uma trajetória de 10 anos de atividades, tem se firmado não só como FESTIVAL DE teatro, mas também como movimento artístico de evolução e abertura de novos rumos para atividades artísticas, culturais e de formação de novas platéias. Este movimento atinge não só a cidade de Rosário do Sul, mas também toda a região onde desenvolve suas atividades. O Festival de Teatro “Rosário em Cena”, promovido, a cada edição vem confirmando sua importância e evolução, apresentando grupos teatrais, não só do Estado, mas também do país. Na edição de 2006, o “Rosário em Cena” foi pioneiro na apresentação de grupos dos cursos de Artes Cênicas das Universidades, que se apresentaram no Festival, ampliando a troca entre os grupos participantes. Este acontecimento foi de tal importância que outros festivais também
começaram a incluir em suas programações grupos universitários.
Este e outros acontecimentos fazem do Rosário em Cena, um pioneiro nas atividades artísticas e culturais do Estado.
TEXTO
Instituto Estadual de Artes Cênicas
IEACEN/RS
Mauro Soares
ARQUIVO -FESTIVAL
HOMENAGEM A MAURO SOARES
TEXTO DUNGA - LUIS CARLOS BRUNNET
O destino estava traçado. Ouvíamos falar. Um passarinho nos contou.
Um pescador nos confirmou. E nem sequer sabíamos de onde, de quando, como e por quê. Sabíamos que ele viria. E isso para nós era suficiente. Ele viria.
Ele confirmara sua presença. Preparamo-nos então, para recepcioná-lo. Pela vez primeira a mitologia estaria pisando em nosso solo sagrado. Incensos, mirras e sândalos foram espargidos no ar.
Sinetas badalavam antecipando sua chegada. Preparativos mil. Uma divindade total dignar-se-ia a conosco conviver.
Pobres mortais em comoção, errantes galgando sendas, trilhando caminhos novos sobre as águas do Santa Maria. Oferendas. Iemanjá saberia o que fazer para que estivéssemos à altura de tal ser.
Todos se prepararam para o grande momento: o prefeito, o bispo, o banqueiro (como na canção); as artistas, as prostitutas, as bandidas; os garotos, os eunucos, as donzelas virgens; os atores, os cantores, os poetas; divindades de ébano, espíritos vikings, guerreiros africanos; todos, enfim, tribos as mais variadas esperavam o grande dia.
Ele viria. Ser alado? Jovem batalhador, Atlas poderoso carregando às costas o mistério do planeta? Esfinge digna de grega raiz a devorar-nos com sua fome ancestral? Tudo era uma incógnita.
Sabíamos que viria. A boa brisa nos soprou que ele viria como um bom tempo, a nos conduzir incólumes, rumo ao futuro.
E nele estávamos confiantes e perfilava-mos à sua chegada. Nenhum carro de sol o trouxe a nós.
Nenhuma biga romana, nenhuma Ferrari, nenhum sputnik. Apenas e simplesmente um mísero ônibus da Planalto abriu suas portas, e de lá, do fundo, quase no banco da porta do banheiro saltou um tênis All Star a pisar tropegamente o box da rodoviária.
Além do tênis, uma grande ècharpe encimada por um par de óculo ensurdecedor. E todos ficamos mudos. Surdos. Tensos. “É isso?” – Perguntávamos. “Não pode ser” – Diziam alguns incrédulos. “É um blefe!” – Comentavam os mais desconfiados.
Não sabíamos o que dizer. Balbuciávamos. Murmurávamos boquiabertos frente àquela figura vinda de algum lugar do século XX.
Não era nem um pouco parecido com o que imaginávamos e nem sequer parecia, o que era pior, ter alguma intenção de ser o que nós esperávamos.
A cidade ficou paralisada como em frente ao capitão do Zeppelin. No olhar de todos, todos eram somente interjeições.
Um mar de ohs!, ahs!’, hum-hums e han-hans deixou-nos sem ar por alguns segundos, suspensos, sem ação, num misto de estupefação e desencanto.
Era isso? Esperamos tanto por esse ser tão comum, tão pouquinho?
De repente, ele abriu a bolsa e acendeu um bom cigarro no meio dos dedos, e como uma diva existencialista a se esvair por entre a fumaça, disse: “onde é que se pode tomar um bom café?” Então tudo voltou ao seu lugar.
Todos entendemos que sim, ele era daqui, do chão, da terra, e que era alguém com quem poderíamos falar olho no olho, ombro a ombro, de igual para igual.
Era mito sim. Era um deus. Tinha seus poderes, mas nos ganhou por sua humanidade. Tinha seus mistérios, mas nos mostrou toda a sua sapiência.
Tinha seus rancores, tratou-nos com dureza, às vezes, mas ensinou-nos a doçura. Tinha seus defeitos e iluminou-nos com suas virtudes.
Era um deus e era sobretudo, humano. É onipresente sem ser ubíquo. Tem seus limites, suas fronteiras, mas espalha-se infinito no tempo e espaço.
E, desde esta feita, nunca mais dele abrimos mão. Soube conquistar-nos como um ser assumido e consciente de suas diferenças e orgulhoso e feliz por suas igualdades. Soube ajudar-nos na hora certa sem certeza de retorno qualquer.
É generoso e comedido quando necessário. E, com ele aprendemos, há 9 anos, a encarar nossa missão com esse festival, com profissionalismo, crescendo a cada edição, levantando a cada tombo, disseminando nossa arte e nossos talentos pelo Rio Grande afora, e sobretudo, com ele aprendemos a gratidão.
Por isso é que, agradecidos e orgulhosos, a ele dedicamos esta semana de trabalho e prazer.
Mauro Soares: a você que aqui, de mansinho, chegou, e que de onde, com certeza, jamais sairá, receba nossa homenagem e o nosso carinho.
Obrigado! E, ainda estamos nos esforçando para chegarmos onde queremos estar: cada vez mais próximos de você.
O destino estava traçado.
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